sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Abraço de Deus/Reflexão da Sexta-feira


É uma avó que conta que, certo dia, sua filha lhe telefonou do Pronto-Socorro. Sua neta, Robin, de apenas seis anos, tinha caído de um brinquedo, no pátio da escola, e havia ferido gravemente a boca. 

A avó foi buscar as irmãs de Robin na escola e passou uma tarde agitada e muito tensa, cuidando das crianças, enquanto aguardava que a filha retornasse com a menina machucada. 

Quando finalmente chegaram, as irmãs menores de Robin correram para os braços da mãe. Robin entrou silenciosa na casa e foi se sentar na grande poltrona da sala de estar. 

O médico havia suturado a boca da menina com oito pontos internos e seis externos. O rosto estava inchado, a fisionomia estava modificada e os fios dos cabelos compridos estavam grudados com sangue seco. 

A garotinha parecia frágil e desamparada. A avó se aproximou dela com o máximo cuidado. Conhecia a neta, sempre tímida e reservada. 

"Você deseja alguma coisa, querida?", perguntou. 

Os olhos da menina fitaram a avó firmemente e ela respondeu: 

"Quero um abraço." 

* * * 

À semelhança da garotinha machucada, muitas vezes desejamos que alguém nos tome nos braços e nos aninhe, de forma protetora. 

Quando o coração está dilacerado pela injustiça, quando a alma está cheia de curativos para disfarçar as lesões afetivas, gostaríamos que alguém nos confortasse. 

Quando dispomos de amores por perto, é natural que os busquemos e peçamos: "Abrace-me. Escute-me. Dê-me um pouco de carinho. Um chá de ternura." 

Contudo, quando somos nós que sempre devemos confortar os outros, mais frágeis que nós mesmos, ou quando vivemos sós, não temos a quem pedir tal recurso salutar. 

Então, quando estivermos ansiosos por um abraço consolador nos nossos momentos de cansaço, de angústia e de confusão, pensemos em quem é o responsável maior por nós. 

Quando não tivermos um amigo a quem telefonar para conversar, conversemos com Nosso Pai. Sirvamo-nos dos recursos extraordinários da oração e digamos tudo o que Ele, como Onisciente, já sabe, mas que nós desejamos contar para desabafar, aliviar a tensão interna. 

Falemos das nossas incertezas e dos nossos dissabores, sobre as nossas decepções e nossos desacertos e nos permitamos sentir o envolvimento do Seu abraço de Pai amoroso e bom. 

Não importa como o chamemos: Pai, Deus, Criador, Divindade. O importante é que abramos a nossa intimidade e nos permitamos ser acarinhados por Ele. 

Ele sempre está pronto para abraçar Seus filhos, sem impor condições. 

E se descobrirmos que faz muito tempo que não sentimos esse abraço Divino, tenhamos a certeza de que faz muito tempo que não o pedimos. 

* * * 

Victor Hugo, poeta e romancista francês, escreveu um dia: "Tenha coragem para lidar com as grandes tristezas da vida. E paciência para lidar com as pequenas. 

E, depois de ter cumprido laboriosamente sua tarefa diária, vá dormir em paz. 

Deus continua acordado." 

Pensemos nisso. Deus está sempre acordado, e velando por nós.

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