sábado, 10 de dezembro de 2011

Shopping

Martinho Campos não possui Shoping, é claro, por ser uma pequena e pacata cidadezinha do interior mineiro. Mas tem um centro comercial erguido pela fé cristã e pelo então Padre Geraldo: o prédio paroquial (onde se encontra o salão Paroquial, Casa Lotérica, etc) que atende à população abadiense e estrangeiros com diversas lojas.
Neste local, outrora, ficava a então Casa Paroquial, domicílio do Padre. Quem se lembra do pé de manga espada que lá existia? Pois é! Eu me lembro...
Mas o interessante é que a modernidade chegou e hoje temos um lindo prédio onde antes era a Casa do Padre. Engraçado é que sempre foi costume ter uma casa do Pároco, uma casa para o Delegado, uma casa para o Juiz... e por que não uma casa para cada morador carente (que não tenha sua casa própria)?
O abadiaemfoco é social. Quer que todos vivam bem aqui.

Causo da Procissão
Abadia é uma cidade cheia de subidas e descidas, pelos lados, pois foi construída num pequeno planalto (morro). Eis que, numa rua comprida do centro da cidade, vai subindo a subida (é claro) uma longa e bonita procissão da semana Santa. Na frente, vai o padre carregando um grande crucifixo, puxando um cordão encabeçado por um andor, onde (é claro) ia o santo que dava motivo à celebração. De um lado iam os congregados marianos de fitas no pescoço e velas acesas nas mãos. Do outro, as filhas de Maria, do mesmo jeito. Velas acesas e paramentos condizentes.
E todos os outros devotos esticando a procissão pra mais uns 200 metros de tamanho, cantando um hino muito conhecido: “Os anjos... todos os anjos... os anjos... todos os anjos...”.
Seguiam cantando de um jeito muito bonito  e compenetrado, todos olhando para o chão. Mais precisamente para os próprios pés, pois é assim o jeito de seguir uma procissão lá pros lados do interior.
Somente o padre, que puxava as cantorias, olhava para  frente e para o alto e cantava aquele estribilho. 
De repente, apenas o padre – o único que olhava para a frente – avista, bem do alto da rua, à sua frente, o ônibus do Sarandi ( o Saranditur) em ziguezague. O motorista, na janela, gritando desesperado que havia perdido o breque. Antigamente, ônibus era chamado carinhosamente de jardineira. E aquela jardineira sem breque, seguindo em cheio no rumo da procissão, ia fazer o maior estrago. Foi nessa hora que o padre, percebendo a desgraceira que ia ser, olhando pra trás, grita bem alto para todos: “Turma! A jardineiraaaaaaaaaaaaa!”

Foi a conta. Todos interromperam a cantoria (“os anjos... os anjos...”) para, imediatamente, de um jeito festivo e carnavalesco, cantar: “Oh jardineira por que estás tão triste... mas o que foi que te aconteceu?”.

(texto adaptado)

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