Cidadão e vereador irritado com procedimento da prefeitura de Bom
Despacho quanto aos festejos do Centenário da cidade. Veja, na íntegra, a
denúncia do Fernando Cabral:
Show do centenário empobrece Bom Despacho, mas enriquece a uns poucos
Veja abaixo como
alguns espertalhões, sob os nossos olhos, vão tomar R$ 400 mil da prefeitura e
colocar nos seus próprios bolsos. Esse é o maior golpe já aplicado na cidade
sob as barbas dos vereadores, do Ministério Público, da Justiça e de todo o
povo.
Alguém será punido por
mais esse crime? Não, ninguém. Ou talvez eu, por mostrar a bandalheira.
Esses ladrões
SAFADOS estão tão sem-vergonha que agora estão indo à justiça processar suas
próprias vítimas! Então, não duvido que esta CORJA que rouba a prefeitura vá à
justiça pedir que ela me mande calar.
Até quando os bom-despachenses
vão tolerar calados esse assalto continuado ao nosso patrimônio?
Veja na matéria abaixo como os
ladrões estão fazendo. É uma vergonha! (*)
A prefeitura gastará cerca de R$ 400 mil para promover os três shows de comemoração do aniversário da
cidade. Não é pouco dinheiro. Com ele seria possível acabar com as filas de
exames e de cirurgias, nas quais há mais de 300 cidadãos esperando. Também
seria possível fazer o acerto com os contratados demitidos.
Seja
como for, o prefeito escolheu assim. Por incrível que pareça, isso não é crime.
Mas outras coisas que ele fez, ou deixou fazer, são.
Portões fechados
A
prefeitura havia anunciado uma grande festa gratuita para o bom-despachense. Na
prática, ela está trocando um ingresso por um quilo de alimento. Portanto, não
é de graça. Além disso, será apenas para uns poucos. A lotação máxima permitida
pelo Corpo de Bombeiros é de 6.000 pessoas por noite.
Como
os artistas são pagos com dinheiro da prefeitura, e como o Parque de Exposições
foi alugado, os ingressos não deveriam custar nada.
O
pior, porém, é que ninguém sabe onde estão os ingressos do show principal (Zezé di Camargo &
Luciano). Só uns poucos conseguiram obtê-los mediante troca por alimentos. A
maior parte sumiu e agora está reaparecendo nas mãos de cambistas.
Para o povo que quer ir ao show as más notícias não acabam por aí. Na
verdade, não haverá 6.000 lugares. É que cerca de 1.000 deles serão vendidos
como camarote. O preço varia de trinta e oitenta reais.
Esses camarotes estão sendo colocados em postos de
venda em Nova Serrana, Martinho Campos e outras cidades. Sem falar que podem
também ser comprados pela Internet. Isso significa que não estão à disposição
dos bom-despachenses.
O show grátis que é uma mina de dinheiro
Como
o show é pago pela prefeitura, ele deveria ser inteiramente grátis. Por isso
ele deveria ser feito na Praça da Estação ou em outro lugar aberto. Dessa
forma, qualquer cidadão interessado poderia chegar e sair quando quisesse. Sem
portão, sem ingresso, sem perigo de morte em caso de tumulto.
Invés disso,
a prefeitura preferiu fazer num lugar fechado que só tem autorização para
receber 6000 pessoas. Essa foi uma forma de permitir que alguns ganhassem muito
dinheiro sem nem mesmo passar por uma licitação.
O esquema
O aluguel
do parque de exposições custa R$ 5 mil por noite. Em vez de alugá-lo, a
prefeitura fez uma permuta. Ela não paga aluguel e o sindicato rural (dono do
parque), fica com o direito de explorar a venda de bebidas.
Esse
direito o Sindicato vendeu por R$ 40 mil. Nisso a prefeitura já perdeu R$ 25
mil, pois se ela tivesse alugado, e não permutado, ela embolsaria a diferença.
O parque não só ficaria de graça como ela teria R$ 25 mil para ajudar a pagar o show.
Mas,
a maracutaia é bem maior.
Junto
com a venda de bebidas veio a venda do camarote. Os ingressos para o camarote
estão sendo vendidos por setenta ou oitenta reais para a sexta e o sábado, e
trinta reais para o domingo. Isso gerará uma renda esperada de R$ 180 mil.
Nos
dois primeiros dias o camarote inclui a bebida, mas no terceiro, não. Além
disso, os cinco mil frequentadores “comuns” terão que bancar suas bebidas. Se
cada um desses gastar R$ 20 por noite, serão mais R$ 330 mil. Portanto, entre
camarote e bebida, os espertos felizardos faturarão R$ 510 mil. Abatendo os R$
40 mil que pagarão ao sindicato, restam R$ 470.000,00. Tira-se daí o custo das
bebidas e dos ajudantes e fica o lucro.
Em
resumo: a prefeitura decidiu não fazer os shows em praça pública com o único objetivo de permitir que meia dúzia tivesse
um lucro fácil, bancado com dinheiro público.
A
situação seria bem diferente se a prefeitura tivesse feito o show na Praça da Estação (ou em outro lugar)
e leiloado (licitado) o direito de fazer camarotes e colocar barracas de
bebidas. Os empreendedores ainda ganharam seu dinheiro honesto, mas a
prefeitura recuperaria todo o investimento feito no show. Ou pelo menos a maior parte dele.
Fazer show caro pode ser burrice e desrespeito com
a população que paga impostos e não tem serviços públicos de qualidade.
Entretanto, não é crime. Agora, enriquecer-se às custas do erário e permitir
que outros se enriqueçam, isso sim, é crime.
É
isso que está acontecendo com esse show: um crime sob o
olhar pasmo e incrédulo de todos que observam e pensam.
(*) Não conheço nenhum indício de que os artistas ou seus agentes tenham
qualquer participação ou mesmo saibam da existência desse golpe. Até porque,
para que a fraude funcione melhor, é mais indicado que eles não saibam. Isso
representa menos riscos para os golpistas