A carreira da cantora Rita Lee sempre foi
abastecida de polêmicas e sua aposentadoria nos palcos não poderia ser
diferente. No último sábado, cinco dias após declarar que não faria mais shows,
a “tia” do rock brasileiro cumpriu seu último compromisso, durante o Festival
de Verão Sergipe 2012, tocando para um público de 20 mil pessoas, mas acabou
detida por policiais após a apresentação.
Durante a noite, Rita afirmou ter visto alguns membros de seu fã-clube serem vítimas de ações agressivas por parte da polícia. Depois de dizer que não queria o policiamento em sua derradeira apresentação, completou: “Vocês são legais, vão lá fumar um baseadinho”. Quando os homens se postaram diante dela, formando um cordão de segurança, a roqueira afirmou não ter medo deles, relembrou os tempos de ditadura e xingou os policiais militares de cavalos e cachorros, usando também palavras de baixo calão. O governador Marcelo Déda (PT), que estava na plateia, afirmou ter testemunhado um “espetáculo deprimente” e destacou que os PMs não agiram de forma que justificasse a atitude da cantora.
Assim que desceu do palco, Rita Lee, 67 anos, foi levada a uma delegacia de Aracaju, e postou diversos protestos em sua página do Twitter: “A polícia não gosta de mim, mas Sergipe gosta”, escreveu. Na mensagem seguinte, chamou a polícia de “abusiva e abusada”, destacando que não tinha obrigação de ir à delegacia. Pouco depois, escreveu que não havia embasamento legal para a prisão e que não retirava nada do que havia declarado.
Ao chegar à delegacia, Rita teve o apoio da vereadora de Maceió Heloísa Helena (PSol), que assistiu à apresentação e assinou o boletim de ocorrência a seu favor. “Solta graças à vereadora Heloísa Helena, que estava na plateia e prestou idêntica versão”, publicou ontem em seu Twitter, três horas após a última manifestação, indicando que o imbróglio estava resolvido. Segundo o documento policial, a artista teria sido detida por desacato e apologia ao crime (artigo 287 do Código Penal).