O distrito de Ibitira sempre foi palco
de diversas histórias, berço de grandes políticos, um lugar muito aprazível e
cheio de pessoas bacanas.
Todos os que lá residem sabem da
história da Luz Santana e a história do meteorito que caiu naquela área em 1957. É isso
mesmo! Ibitira foi palco da queda de um meteorito, daqueles bem raros.
Vamos saber mais um pouco sobre esse
fato da história ibitirense.
As primeiras informações sobre um
grande bólido, ocorrido no dia 30 de junho de 1957 entre 5:00 e 5:30 p.m. na
região central de Minas Gerais, chegou ao Centro de Estudos Astronômicos César
Lattes ( hoje CEAMIG), por um dos sócios, que teve a felicidade de ser um dos
poucos a presenciarem a queda de um meteorito. O sócio se dirigia a Belo
Horizonte quando teve sua atenção voltada para uma enorme esteira luminosa
seguindo rumo oeste. Assim que soube do evento o Centro tomou imediatamente uma
série de providências, solicitando aos jornais regionais informações a todos
que presenciaram o fenômeno enviando circulares a todas as Prefeituras
Municipais num raio de 100 km de Belo Horizonte.
Do total mais de três dezenas de cartas
foram recebidas, destas 19 foram selecionadas para entrevistas com auxílio de
mapas e bússola sendo tudo anotado numa caderneta, destas
informações plotadas no mapa abaixo determinar a trajetória do
bólido, concluindo-se que o ponto de retardamento se deu na região de Martinho
Campos, à Oeste de Minas.
Observadores de Belo Horizonte
avistaram primeiro o bólido a uma altura de 50o, caindo em direção a
Martinho Campos, parecendo ter explodido no ar. Pessoas a cerca de 160 km a
sudeste do ponto final da trajetória viram que explodiu a apenas 5o do
horizonte. Estima-se então que o bólido tenha explodido a cerca de 10 a 12 km
da superfície.
Tendo-se em conta que a propagação
sonora atinge apenas um raio de 100 km e visível a distâncias incalculáveis, os
observadores do CEA César Lattes montaram uma base de operações em Sete Lagoas.
Dali orientaram as pesquisas para a área de Martinho Campos, Papagaio e regiões
vizinhas, onde se presumia ter caído o meteorito.
O bólido foi visto de avermelhado em
forma de ovo até ficar prateado. Ouviu-se um barulho como um trovão. O rastro
que deixou durante e após a passagem quando modificados pelo vento foram
anotados em desenhos. A trilha pareceu como direto para observadores
diretamente abaixo do ponto de queda e como arco parabólico para os que
avistaram de lado. Todos os tipos de evidências indicavam o ponto final da
trajetória para a área de Martinho Campos, próximo a vila de Ibitira com apenas
uns 200 habitantes na época.
Determinou-se finalmente, em Ibitira, o
local da queda, pois o bólido explodiu nesta localidade, segundo observadores
locais, à altura das nuvens tendo espalhado fragmentos pelos arredores. Na
Fazenda Monjolo próximo a Ibitira o barulho do trovão foi seguido de um assobio
como da passagem de uma bala, seguindo-se imediatamente do barulho de algo
caindo sobre o solo, um rapaz na região ouviu o barulho e avistou o gado
correndo do pasto em cima do morro para o vale.
A busca efetuada pelos observadores do
centro a cata de fragmentos do meteorito foram infrutíferas, dado ao local de
queda ser um cerrado difícil de pesquisar. Assim regressaram a Belo-Horizonte,
onde organizaram uma caravana para a busca, que só pode seguir em 3 de agosto,
quando voltaram a Ibitira, foram informados que um lavrador, ao apanhar lenha
na capoeira encontrara uma pedra estranha que apanhara e entregara ao
farmacêutico local ( figura). Era um meteorito de cerca de 2,5 kg com uma
camada exterior preto brilhante típica de alguns tipos de acondritos, embora a
estrutura interna vesicular diferia de todos os meteoritos conhecidos até
então. A análise foi realizada pelo Instituto Tecnológico de Belo Horizonte que
apesar e ter dado a descrição petrológica não o classificou como meteorito. A
publicação e reconhecimento foi dado em dezembro de 1957 no
Meteoritical Bulletin no 6 .
Temos
neste caso um modelo a se copiar, no entanto ainda poderia ter se conseguido
maior êxito se a partir do primeiro fragmento encontrado a equipe não
retornasse e sim fizesse uma operação pente-fino na região em busca das outras
massas da queda.
O
Ibitira é um meteorito único de extrema raridade, não brechado e com a presença
de vesículas sendo portanto originário de um derramamento basáltico bem
superficial do corpo parental, menos de 20 metros de profundidade. Por diversas
particularidades deste meteorito é muito cogitado para estudo científico bem
como para colecionadores. 40 anos após sua queda o meteorito foi vendido por
uma pequena fortuna que foi revertida para beneficiamentos do Centro,
propiciando o reconhecimento e premiação do mesmo na descoberta de novos
asteróides, algum deles possivelmente o corpo parental do Ibitira.
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