domingo, 15 de abril de 2012

O Baú de Ouro


Conta a lenda que há muito tempo atrás, na época das primeiras viagens da Maria-Fumaça 58 que tinha parada aqui na estação de Abadia de Pitangui, existiu um velho engenheiro de ferrovias que veio morar em nossa cidade, nas proximidades do Campo do Abadia. Ele era excêntrico e muito calado. Gostava de fumar seu cachimbo e ouvir músicas clássicas.
Como vivia sozinho tinha muitas manias e uma delas era colecionar pequenas peças de ouro, compradas com seu salário. Ele comprava uma todo mês e guardava dentro de um baú de madeira com cadeado de ferro fundido.
Aconteceu, porém, que Martinho Campos ia crescendo e a população aumentando cada vez mais até chegar ao ponto de termos aqui meliantes dispostos a furtar dos mais distraídos. Com isso nosso personagem, que já tinha o baú quase completo de peças de ouro, começou a se preocupar e não sabia onde esconder o baú enquanto trabalhava na ferrovia.
Foi até o padre da época e lhe pediu uma orientação. O pároco, muito atencioso, disse ao camarada que escondesse no meio no cerrado, porque os maus elementos da cidade não gostavam de sair para o mato, pois tinham medo da onça pintada que rondava os arredores do município.
Dito e feito! Nosso engenheiro foi até um o campo do Abadia, passou pelo buraco que havia no muro, sentido Picão, desceu a ribanceira e foi seguindo a linha férrea até certo ponto, onde hoje fica um terreno nas proximidades do centro de tratamento de água da  Copasa.
Neste local havia um túnel, embaixo da linha férrea que servia de escoamento para as águas da chuva, que ele mesmo (o engenheiro) havia projetado. Numa das paredes do túnel havia uma saliência, entre duas grandes pedras, onde ele resolvera esconder o baú recheado de peças de ouro, juntadas durante uma vida.
Porém, nosso velho engenheiro passou dessa para melhor e o baú fora esquecido lá por muitos anos. Era o tesouro da “Badia”.
Nossos pais e avós nos contavam essa história como forma de cantiga de ninar durante as longas e frias noites de inverno.
E nós como bons curiosos e “gananciosos” íamos todos os dias (aquela molecada de 10/11 anos) procurar o tal do baú na dezena de túneis que sobreviveram da antiga ferrovia. Teve um dia, inclusive, que chovera e a correnteza quase nos matou afogados dentro de um desses desvios pluviais.
Nunca achamos o baú com as peças de ouro, mas nos divertimos muito, naquele tempo e naquela região, hoje completamente mudada pelo homem.
(Foto antiga da Escola Dr. José Gonçalves)

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