Nos tempos do trem de ferro, em Martinho Campos, no meio de Minas Gerais havia um armazém cujo dono, Seu Geriowaldão, se gabava de ter tudinho, qualquer coisa que se pedia no balcão. Se não tinha, fazia questão de encomendar a qualquer custo, só para atender o cliente. Com isso a fama dessa mercearia se espalhou por toda a região, e vinha gente de toda parte procurar coisas que não se achava nem na capital Belzonte. Sabendo disso, um carioca — daqueles bem folgados — estava de ferias passando por Minas e decidiu conhecer esse tal "Waldão" do armazém. Chegando lá, pediu uma barra de direção para sua Rural importada, o "Wal" foi lá no fundo, e depois de alguns minutos voltou com a tal peca. O carioca, espantado pensou: "Não e possível que esse cara tenha tudo ai, vou tirar um barato da cara dele".
Voltou para o hotel e ficou a noite toda pensando em como iria pegar o cara da venda. Pensou bem e no outro dia foi até o armazém e chegando no balcão, pediu:
— Ô Waldão você tem "Podela"?
O dono da venda olhou espantado, cocou a cabeça e pensou: "Podela"? Que diabos e isso? Nunca ouvi falar... E agora? Se eu deixar de atender esse cara ai todo metido, meu estabelecimento vai perder a fama e a clientela vai sumir! O que eu faço?" Pensou, pensou, foi ate o deposito, voltou e disse ao carioca:
— Olha, té em falta, mas vou encomendar e amanha cedo o senhor passa aqui e pega, tudo bem?
O carioca, meio desconsertado com a resposta do abadiense, voltou para o hotel pensando: "O que será que esse mineiro vai achar com esse nome...?"
O Wal fez de tudo, ligou para todos os seus fornecedores de produtos brasileiros e até no exterior, mas ninguém fazia nem ideia do que seria aquilo. Ele então percebeu que o carioca estava zoando com a cara dele e decidiu dar o troco.
No almoço, o Geriowaldão comeu aquela feijoada, de noite foi ao banheiro e prrrrrrrruhhhh. Fez aquele "trem" enorme e fedorento. Pegou o troço com uma pazinha e botou no forno por umas 3 horas ate que virasse uma pedra bem dura. Dai, colocou tudo no moedor, embalou e deixou em cima do balcão com a devida identificação. No outro dia chega o carioca todo imponente com um sorriso no rosto, e, já esboçando um ar de vitória, perguntou:
— Conseguiu encontrar minha encomenda?
— Claro está aqui — disse o mineiro, mostrando o saquinho no balcão. 100 gramas sai por 10,00 reais.
O carioca então pediu:
— Me veja 200 gramas.
— Está aqui, são 20 reais.
Entã, o carioca, curioso, pegou um bocado do pó, experimentou uma pitada, pediu uma colher encheu e mandou ver, tentando descobrir o que era aquilo...
— Isso aqui e bosssssssstaaaaaaaa!
O "da Badia" então riu e disse:
— Não, isso é o PÓ DELA...
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