quarta-feira, 13 de novembro de 2013

"Intera" umas "deis" vezes que eu conto esse causo


Era setembro de 1980 e o jovem Geriowaldo foi pescar na beira do São Francisco, ali na região da Lagoa do Junco, na fazenda do Paulo do Sinhô! Lá chegando, adentrando pela mata (é, naquela época tinha muita mata virgem então), se ajeitou numa graminha que tinha e foi pondo a tralha toda pelo chão, fazendo seu retirinho para a pescaria.  Começou então a luta: lançava a minhoca na ponta do anzol lá pro meio do Velho Chico e ficava esperando algum mandi, piranha, pacamã, dourado, surubim, morderem a isca. Após meia hora de muitas tentativas e só peixe de isca (peixes pequenos) o nosso amigo resolveu tirar o relógio de bolso e colocar num pequeno ramo para não dar azar (acreditava-se que não podia ter nada nos bolsos durante a pescaria). Acontece que o relógio era muito estimado, pois era de ouro maciço, com pedras preciosas e foi herdado do pai  Gerônymus, que herdara de seu pai Cwstódyus e assim por diante. Então nosso amigo ficava de olho na pescaria e de olho no relógio. A certa altura começou a chegar a noite e nosso campeão começou a pescar grandes Pacus e Dourados. Só enchendo a capanga e os ganchos, num instante já havia mais de trinta quilos de peixe. Geriowaldo então, já apertado pela fome e pelo vento frio que anunciava uma chuva, ajuntou sua tralha e foi embora, comemorando pelo caminho a maravilhosa pescaria, cantando alegremente a música "Pé de Ipê" que ele tanto adorava e ainda adora. Quando chegou em casa, ao guardar os peixes e o material da pescaria é que se deu conta que havia esquecido o relógio da família na meio da mata, na beira do rio. Passou a noite em claro e no outro dia voltou lá na fazenda para ver se achava, porém sua busca foi inútil. Ficou o dia inteiro e nada. Pensou em nunca mais pescar!
Então os anos se passaram (especificamente 33 anos) e o Geriowaldo, hoje homem maduro resolveu novamente pescar no São Francisco. Por gostar do local voltou justamente lá na Fazenda do Paulo e foi para a beirada do barranco (hoje com lindas árvores nativas). Sentou-se à sombra de um lindo pé de Tamarindo e ficou ali, pescando alguns mandis, apreciando as belas paisagens proporcionadas pelo rio. Após ums duas horas de pescaria, Geriowaldo, concentrado, começa a ouvir um barulho: " Tic-Tac, Tic-Tac, Tic-Tac". Olhou pra cima e qual foi a sua surpresa? O seu estimado relógio de bolso, num galho do pé de tamarindo (isso mesmo moçada, o ramo havia crescido e se transformado numa bela árvore e o relógio subiu junto com a  mãe natureza). Sem conter as lágrimas, Gê subiu na árvore e foi logo retirar sua relíquia. Lá chegando (nas grimpas) ele parou, olhou pro relógio e ficou encucado, pensando: " Poxa, o relógio tá marcando a hora e a data certinho, certinho. Como pode ter ocorrido isso, já que o relógio é de dar corda?" Aí ele deixou tudo do jeito que estava e foi se esconder atrás de uma moita. Ficou lá por mais de cinco horas até que, mansamente, um Mico Estrela subiu na árvore, foi até o relógio, deu corda no mesmo e cascou fora!E foi assim durante os trinta e três anos....

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