sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Reflexão da sexta-feira/A fome maior


Uma grande mobilização existe em nosso país, e no mundo, com o intuito de acabar com a fome. 

Fala-se a todo momento em fome zero. Todos se mobilizam no ideal de saciar a fome dos corpos. Ação mais do que justa. 

O assunto, contudo, não é novo. O problema da fome sempre rondou a humanidade, em épocas variadas. 

Na obra Plenitud, de autoria de amado nervo, existe um capítulo intitulado "todos têm fome" e que comenta, mais ou menos o seguinte: "neste orbe, todos têm fome: fome de pão, fome de luz, fome de paz, fome de amor. 

Este é o mundo dos famintos. A fome de pão, melodramática e ruidosa, é a que mais comove, porém não é a mais digna de comiseração. 

Existe a fome de amor. Muitos desejam ser amados, ter alguém que os queira e passam pela vida sem ninguém que lhes conceda uma migalha de carinho. 

Há os famintos de luz. Espíritos que anseiam por conhecimentos e não conseguem ter a sua fome atendida. 

Finalmente, a fome de paz que atormenta a quantos trazem os pés e o coração a sangrar." 

Muita sabedoria encerra esta página. A fome do corpo é uma só. Mas a fome do espírito apresenta várias faces, cada uma de efeitos mais alarmantes. 

A fome de pão atinge somente o indivíduo. Não contamina a terceiros. As outras espécies de fome generalizam suas conseqüências e comprometem a coletividade. 

A fome de amor, de luz e de paz fomenta muitas tragédias. 

Quem não se sente amado, quem não tem luz e nem paz é a criatura que se torna manchete como promotora de crimes terríveis. 

O crime, nos seus aspectos mais variados, resulta de uma falha moral, de um nível baixo de espiritualidade, de um desequilíbrio psíquico. 

A grande solução está na educação convenientemente compreendida e ministrada. Educação que se volta para o ser espiritual. 

Desta forma, a humanidade encontrará a sua solução na educação. 

Educar a criança é semear o bom grão. É preparar uma nova sociedade. É criar um mundo novo onde habitará a justiça. 

Um mundo onde reinará a solidariedade, garantindo o pão para todos. 

Um mundo de fraternidade que a todos oferecerá ensejo de revelar suas capacidades. 

É tempo de investir na transformação do indivíduo. É tempo de deixar de permanecer alheios ao processo cuja eficácia é indiscutível na melhoria individual e social: a educação. 

Cabe-nos, assim, o engajamento nessa luta contra a fome. 

Voltemos nossa atenção para a escola. Eduquemos a criança no lar, desde pequena. 

Naturalmente, é um projeto à longo prazo. Trata-se do preparo e cultivo do solo que, após os devidos cuidados, produzirá frutos de acordo com a sementeira feita. 

Pense nisso! 

Para atender a fome do corpo, basta um pedaço de pão. 

Para atender a fome generalizada do ser humano, necessária se faz a luz da razão, que espanca as sombras de quem avança em sofrimento ou limitação. 

E educação é o desenvolvimento harmônico de todas as faculdades do espírito, para que este se torne luz, adquira paz e exercite o amor.

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