Vô Vicente era uma
criatura muito afortunada. Homem de qualidades múltiplas, quase sempre bem
trajado e muito inteligente. Não era de vícios e vivia para o trabalho. Morava
numa roça e veio pra Badia, ainda na época da guerra, em busca de melhores
dias. Aqui chegando junto com a família se estabelecera na Rua Modesto Lima,
numa casinha rosa ao lado da Igreja Batista.
Com o constante aumento da prole adquiriu mais lotes, fez um
chiqueiro, um galinheiro, plantou horta e ali criara os filhos e alguns netos,
dentre eles, esse humilde amante das letras que ora vos escreve.
Tudo ia bem até que Vô Vicente começou a ter estranhas
atitudes (ria sem parar) quando comia a folha da taioba (só ele que gostava
e comia em casa). Isso acontecia sempre
nas refeições onde tinha a folha como iguaria.
Incomodada com as atitudes do chefe da casa, minha avó Rosa
resolveu chamar um médico para examinar o Vô e saber mais sobre isso. O
“cura-tudo” chegou e examinou o ancião que se encontrava em perfeita saúde. O
médico então pediu pra ver a taioba que fora feita, achando que o motivo não
seria a folha, haja vista que a mesma é muito saudável e não tem
contra-indicação.
Pegou uma folha, lavou e levou à boca, alimentando-se com
aquela verde hortaliça. Passaram-se 10 minutos e o médico começou a rir, a
cantar e a dançar feito um Michael Jackson. Foi uma coisa de louco.
Passado algum tempo o médico se restabelecera e ficou
pensativo sobre o episódio e pegou mais duas folhas para analisar em um
laboratório na capital de Minas. Resultado: as folhas continham uma enorme
quantidade de – Acreditem! – Pinga d’Badia.
Isso mesmo... a horta em que fora plantada a taiobeira era
onde alguns foliões enterravam os garrafões de pinga arrolhados, quando os
lotes ainda eram vagos. A raiz da planta chupava o líquido alcoólico que vazava
aos pouquinhos todo dia. Assim, era só comer da taioba que o efeito logo vinha
e aquele fogo ficava por vários minutos....só assim mesmo pro Vô beber pinga!
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