Por Fábio Marton
Pesquisadores da Universidade Católica da Coreia testaram com sucesso uma substância do veneno da aranha-armadeira, produzida com células transgênicas de lagarta, para tratar disfunção erétil, em ratos impotentes.
Está difícil decidir o que é mais bizarro na frase anterior, então vamos começar pela aranha. A armadeira (Phoneutria sp.) é nativa do Brasil, enorme (até 17 cm) e extremamente agressiva, um terror bem familiar para cidades que lidam com infestações, em toda a região da Mata Atlântica. Os ratos eram “modelos de dano bilateral de esmagamento dos nervos cavernosos” – o que quer dizer que passaram por uma cirurgia para danificar suas… partes, os nervos que controlam a ereção. Para produzir a substância testada, a proteína PnTx2-6, os pesquisadores modificaram células de lagarta com DNA de aranha. Por fim, descobriram que, sob efeito da PnTx2-6, os músculos do corpo cavernoso dos ratos relaxavam, permitindo a entrada de sangue e (eureca!) a ereção.
Antes de sair virando as pedras no jardim atrás do Viagra do Povo, é bom saber que a armadeira do Brasil está no Livro Guinness dos Recordes como a aranha mais venenosa do mundo (toma essa, Austrália!). Apenas 6 μg (microgramas, um milionésimo de grama) de seu veneno é capaz de matar um rato – o veneno inteiro, no caso, não só a proteína interessante.
A pesquisa corena é a só a última em uma longa série, confirmando o resultado de um estudo similar feito no Brasil, em 2012. Venha do Brasil ou da Coreia, o novo tratamento ainda está longe de chegar à farmácia, se chegar – ainda precisam ser feitos testes em humanos. O potencial do veneno foi revelado no Brasil, em 2000, quando uma pesquisa sobre picadas mostrou que várias vítimas sofriam de priapismo – ereções que duram horas, são dolorosas, e não passam de jeito nenhum (não, nem com isso que você pensou).
Priapismo pode causar dano ao pênis e impotência permanente. Definitivamente, a armadeira é a aranha mais perigosa do mundo.
(Texto extraído da revista digital superinteressante)
Nenhum comentário:
Postar um comentário