(Do jornal Super)
Com o início do período chuvoso, a água voltou a jorrar da principal nascente do rio São Francisco, fazendo com que ambientalistas e moradores das cidades que margeiam o Velho Chico comemorassem. Não demorou muito para que fotos do rio de volta à vida e com água em abundância começassem a pipocar nas redes sociais. Uma delas, foi compartilhada por Rhomário Magalhães, que fez a imagem em Pirapora, no Norte de Minas, e alcançou mais de 1.000 curtidas e cerca de 600 compartilhamentos.
No entanto, conforme alertado pela presidente do Comitê da Bacia Hidográfica do Entorno da Represa de Três Marias, Sílvia Friedman, o alívio que o período chuvoso trouxe, deve dar lugar aos esforços para que as áreas verdes próximas ao rio e, principalmente, as nascentes, sejam preservados. “Essas imagens são um pouco ilusórias, porque essa água não vai ficar no rio. A chuva cai na nascente ou no leito do rio, mas não infiltra no solo, apenas corre e depois vai embora”, explicou Friedman.
O motivo da ilusão é a impermeabilidade do solo causada pelo desmatamento. “Não temos mais mata para segurar essa água, nem mata ciliar, que é a vegetação que fica às margens do leito do rio, nem a mata de topo, que fica na nascente. Sem essa cobertura vegetal, a água bate no solo e corre pelo leito, levando tudo embora, mas ela não fica ali”, contou a especialista.
Por isso que os esforços devem ser concentrados em recarregar os lençóis freáticos. “Para que se abasteça as nascentes e o leito se torne perene. As áreas de preservação permanente devem manter essa cobertura vegetal, porque é isso que vai fazer a água infiltrar no solo e reabastecer o volume do rio. Mas mesmo assim, de acordo com os especialistas, para que o rio São Francisco volte ao seu volume normal, serão necessários de 3 a 4 anos, no mínimo, se houver esse trabalho de preservação, se o solo não ficar desnudo, se mantivermos essa vegetação no solo, e também se houver bons índices pluviométricos”, explicou Friedman
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