quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Causo acontecido na "Abadia"

A Pescaria

Há muitos anos , quando não existia computador, celular, iPad....etc; uma das poucas diversões que existiam em nossa “Badia” era a arte da pescaria. Pescávamos no açude, no Velho Chico, no Pará, no Lambari, na Lagoa do Zé do Ozório e no Rio Picão. E é exatamente neste rio que aconteceu um caso muito curioso e que até hoje é motivo de orgulho para os pescadores de Martinho Campos.
O Rio Picão era praticamente escondido pela mata ciliar, que ainda era virgem em muitos trechos, e os pesqueiros eram difíceis de serem encontrados, tendo os amantes da pesca que percorrerem grandes distâncias para se chegar a um bom local para pescar os saborosos peixes da região.
Numa dessas empreitadas eu e o compadre Elder (Soró) fomos até o rio Picão, próximo onde é hoje a estação da COPASA e lá acampamos, numa bela tarde de dezembro. Após prepararmos as  varas de pesca, começamos  a difícil arte de pescar. O Rio estava farto e pescávamos muitos lambaris, piranhas e principalmente mandis.
Já à beira da noite (boca da noite como diziam os mais antigos) ainda estávamos com sorte, pegando os peixinhos que logo logo seriam fritados e consumidos ao lado de uma boa garrafa de Farrista.
Como a isca acabara, meu amigo Soró resolveu (com sua habitual inteligência) iscar os anzóis com umas formigas cabeçudas que por ali passavam. Isso feito, começamos novamente a pescar. Porém como a formiga era mais leve que a minhoca o lançamento da linha tinha que ser feito com mais força. E, já ficando noite, apenas o clarão da lamparina iluminava aquele breu. Eu, almejando jogar o anzol no meio do rio, coloquei toda força no braço e joguei a linha.
Sem que eu percebesse (como já falei a mata era virgem) o anzol com a formiga atravessou o rio e caiu do outro lado, ficando no chão. Nisso um tamanduá bandeira vendo aquela formiga dando sopa, foi logo fisgando a danada. Eu do lado de cá, achando que era um peixe, dei uma puxada e derrubei o animal que lutava para não ser morto.
Achando eu que era peixe, puxei o danado e ele caiu dentro do rio (isso tudo sem que percebêssemos já que estava muito escuro). Na sua luta para não morrer afogado o tamanduá abraçou, no fundo do rio, com um dourado de 30kg (isso mesmo trinta quilos). Neste momento estava quase desistindo, mas meu amigo Soró me ajudou e puxamos para fora os dois bichos.
Até hoje foi o maior Dourado já pescado no Rio Picão.

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